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A evolução do cenário para o 1º de maio de 2021, entre a fome e os brioches

  • radarfeministablog
  • 2 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura



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O 1º de maio deste ano foi marcado por manifestações nas principais capitais do país, em defesa das liberdades democráticas, se opondo às privatizações de serviços públicos, pedindo vacinação para todos, direitos trabalhistas e a volta do auxílio emergencial de R$600 reais.


A pandemia tem agravado os problemas públicos que a agenda neoliberal coloca em prática, mas não estão resumidos à ela. Em janeiro de 2020, quando a pandemia ainda não era uma ameaça, estávamos na 54º posição de um ranking de 214 países, no que se refere ao desemprego (CIA World Factbook). O que é gritante, considerando que somos a 12ª economia do mundo.


Se em contexto sanitário normal, a agenda neoliberal já vulnerabiliza a vida das pessoas, na pandemia isso se torna ainda pior. De outubro a janeiro de 2021, a taxa de desemprego aumentou nada menos que 19,8%, chegando a 14,272 milhões (PNAD). Com o aumento da vulnerabilidade causada pelo desemprego, muitos são lançados à própria sorte, no trabalho informal (3,6%), ou trabalhando por conta própria (4,7%).


Os dados abaixo, extraídos do site do IBGE, delineiam de forma clara o projeto que se desenha para o Brasil. Entre o primeiro trimestre de 2012 e 2021, a taxa de desocupação praticamente dobrou.



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Quando consideramos o sexo dos afetados pela desocupação, o gráfico mostra, no mesmo período, o aumento da distância percentual entre mulheres e homens desocupados, sendo as mulheres ainda as mais afetadas.

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O aumento do desemprego, acompanhado da maior vulnerabilidade das mulheres, poderia nos fazer crer estarmos vivendo um momento de escassez generalizada. Se a taxa de desemprego está enorme, seria de esperar uma queda na renda média, certo? É justamente aqui que a agenda neoliberal se desnuda, o gráfico de rendimento médio aponta um disparate enorme, evidenciando que o aumento do desemprego em 2020 e 2021 acompanha um aumento exponencial do rendimento médio.


Poder-se-ia argumentar que esse aumento da renda média se deve à concessão do auxílio emergencial, concedido a partir do final de maio do ano passado. Isso não se confirma quando percebemos que já em 2016 a renda média crescia ao passo que a taxa de desocupação também aumentava. Diferente de 2013 e 2014, quando a renda média aumentou em consideração a 2012, enquanto as taxas de desemprego eram mínimas.


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O desemprego, o trabalho informal, a concentração de renda não são apenas dados estatísticos. Significa mais pessoas morando nas ruas, mais pessoas suscetíveis à fome e ao trabalho degradante. É chegada a hora de discutirmos e lutarmos não apenas por um auxílio emergencial em momento de desespero, mas por uma agenda positiva que inclua a Renda Básica Cidadã como um componente essencial à justiça social.


Não é possível que uma das principais economias do mundo não possa cumprir com a aplicação de fato de sua Constituição. Mesmo por que, a rigor, a lei 10.835 que institui o programa de Renda Básica Cidadã é de 2005.


A promoção da dignidade das pessoas e do bem viver não podem ser considerados um polo extremo, quando o outro lado é o completo caos. É o mínimo, o razoável.



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