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Quando a psiquiatria está a serviço do sequestro da vida

  • radarfeministablog
  • 29 de mar. de 2023
  • 4 min de leitura

Políticas de castração da potencialidade expressiva, a proposta obscena da morte um pouco mais lenta, desde que silenciosa, são conjugadas à manutenção da violência contra corpo, subjetividade e razão em série promovida pelo governo do Estado de São Paulo por investimentos contra a cultura afrobrasileira, contra o empoderamento feminista e memória do Partido dos Trabalhadores. Em que pese as contribuições de Foucault na denúncia à violência aparelhada em instituições, profissionais de instituições psiquiátricas ainda são agenciados para atitudes nada profissionais: cercear nosso direito à busca por uma vida plena


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Apesar dos avanços de literaturas das Ciências Humanas na denúncia de algumas práticas de violência institucionalizadas, dentre muitas instituições, na área da psiquiatria, como é o caso de algumas contribuições de Foucault, esse tipo de atentado contra a vida ainda é muito mobilizado.


No final do segundo semestre de 2022, estive doze dias reclusa em instituição psiquiátrica, um dos desdobramentos de série de violências que já somam mais de 13 anos, promovidas por agenciamento do PSDB no governo do Estado de São Paulo. Meus familiares foram coagidos a intervir nessa direção, repentinamente, quando eu tentava convencê-los a me deixarem ficar mais algum tempo na metrópole, da onde fui afastada desde que minha mãe foi assassinada em hospital do Estado de SP, no segundo semestre de 2021, conforme as três imagens a seguir documentam, de modo sintetizado.


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Na primeira fotografia está a marca da cruz deixada nas costas de minha mãe, por um dos médicos no contexto de um exame que a deixaria com dores pelo corpo todo, pouco antes de ser violentamente assassinada nas mãos de quem deveria zelar por sua saúde. O recurso ao elemento religiosa se vincula às outras imagens, sintetizando recurso à indústria cultural como eixo orientador das propostas do PSDB. Depois de deixar o primeiro ano do mestrado, passei por escola técnica de curso de dramaturgia, em 2014, sob gestão do governo do Estado de São Paulo, momentos antes de estar exposta à violência física pela primeira vez. A escola tem função de esquadrinhar e oprimir o universo criativo e subjetivo das vozes que ecoem nossas outritudes, o que promove com aplicação de técnicas para violência simbólica. Narro todos os pormenores dessa história na publicação que tem link no final desse texto. A última imagem salienta a política de infantilização e castração de linguagem como recurso à mais violência, a tentativa de camuflar ausência de responsabilidades em gestão pública que não atende a todos, utiliza a máquina pública como recurso para oprimir e assassinar. A segunda imagem, com resto de alimento ultraprocessado em pote de vidro, também ilustra política de contenção da solidariedade nas redes digitais. Minha conta de trabalho no Instagram associada a este blog foi, arbitrariamente, fechada logo depois do assassinato de minha mãe.


À época da minha reclusão nessa instituição, havia acabado de publicar o resultado de alguns acúmulos do contato com as ciências humanas, da participação em grupos de pesquisas e movimentos da sociedade civil, em uma síntese e audiência pública sobre Bem Viver e Justiça, quando estava bastante ativa e eloquente, com interesse em devolver à sociedade todo resultado da reverberação dos bons encontros, embora também estivesse cercada por técnicas de opressão.


Cumpre dizer, esse assédio à subjetividade e razão, mediado por essa instituição municipal ocorreu na efervescência da reta final das campanhas presidenciais, quando fiquei sem possibilidade de qualquer banho de sol, internet e interação nas redes digitais.


Da primeira vez que me ofereceram os fármacos com a função interdita de "remediar" meu comportamento eloquente naqueles tempos, eu educadamente agradeci e recusei. Imediatamente, vários enfermeiros me cercaram, me amarrarem e aplicaram uma injeção com agulha super grossa, bem na parte superior de uma de minhas pernas.


No momento dessa injeção, com efeito de me deixar sonolenta por alguns dias, uma das enfermeiras aproveitou o momento para retirar pequenas amostras do meu sangue, que serviriam em futuros testes para mais efetivas intervenções bioquímicas, com objetivo de adoecer, degradar a beleza e assassinar de maneira mais efetiva.


Desde então, como se não bastasse toda série de violências, sigo sob mais essa intervenção arbitrária que assedia. Se até mesmo a água que bebemos vem quimicamente adulterada para adoecer, como documento em outra publicação, imaginem qualquer desses fármacos para castração da expressividade.


Fiquei longo período sem me expressar nas redes, não por que toda violência dirigida a mim, nessa série que envolve cerceamento às manifestações da cultura afrobrasileira, à memória do PT e ao empoderamento feminista, por parte do governo do Estado de SP, tivesse sido resolvida, aliás, foi nesse período que prejudicaram minha gengiva para que venha a perder meus dentes.


Diante todo acúmulo de experiências, quase dez anos de estudos, depois do ensino médio, por vezes conciliando as atividades universitárias com dupla jornada de trabalho, mais de dez anos exposta à muitos tipos de violências, sem poder voltar a ser estudante, nem filha, por que meus pais foram, precocemente, tirados de mim, a extrema direita no poder, agora, na figura de Tarcísio do Republicanos, ainda quer silêncio?


O peso quente que consome minha cabeça voltou com muita força nesse último mês. Ontem, em visita à psiquiatra em unidade pública de saúde, na estratégia de camuflar o problema objetivo como de ordem supostamente subjetiva, recebi nova ameaça institucionalizada de sequestro, o que se daria se não tomasse a medicação da castração de linguagem, que, conforme seu aviso, seria intermediada pela mesma tia quem mediou a intervenção psiquiátrica da última vez. Sob coação, é evidente. Dessa vez, sob a responsabilidade do atual governador de São Paulo, quem já demonstrou, conforme vídeo que circulou nesse mês de março de 2023, em evento sobre sua primeira privatização, com ampla circulação nas redes apreço pelo ethos da virilidade, quando bate um martelo com força, por várias na mesa, figurando, em curto espaço-tempo as vezes que estou exposta a esses crimes.


Posto assim, temos documentação e sabemos por que e quais são aqueles que estão na mira dessa série de crimes, promovidos de modo quase que contínuo. Se não há solução razoável que deixem marcas nas biografias dos envolvidos.


Em todo o caso, se a gente não pode por eros sair de si mesmo, de que vale a vida, se não passa, assim, de um projeto de vida morrida?



*Leia aqui o texto completo e documentado sobre essa série de atentados à democracia, promovidos pelo governo do Estado de São Paulo, nas últimas décadas. Ajude a difundir informação




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