Escrevivências contra o epistemicídio
- radarfeministablog
- 26 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Engana-se quem pensa que o recurso ao epistemicídio acabou, entre a modernidade e a pós-modernidade ele é camuflado no emprego das mais diversas técnicas do terror que o fascismo evoca no Estado de São Paulo

Durante todos esses últimos dez anos exposta aos mais diversos tipos de violências, pude perceber uma padrão na minha exposição a elas: sempre que volto a tentar me dedicar aos estudos ou me envolver de forma criativa com a vida, essa série se intensifica, como ocorre nesse último mês.
O direito ao desenvolvimento e à produção criativa, aos relacionamentos e encontros sadios, sem fins instrumentais, em suma, ao que nos caracteriza como seres humanos, é sistematicamente negado ou obstaculizado, configurando de maneira mais que evidente uma das razões pelas quais essa violência se aplica, mobilizada por recurso ao epistemicídio.
Hoje, 26 de março de 2023, vi rapidamente em meu feed de notícias do Instagram, um homem de meia idade, liderança política no Nordeste pelo PDT dançava as coreografias mais populares do axé, que toda uma geração de populares nascidos na década de 1980, ou próximo a esse período, conhece. Foi uma forma de ridicularizar as condições a que chega um corpo, sua razão e subjetividade, quando expostos à experiências de tortura, como é o caso, experiências quase que totalitárias, durante quase 13 anos. Neste caso, serviu para catarse.
Por associação subjetiva mediada por efeitos da indústria cultural de um dos nossos regimes marcados por políticas de orientação neoliberal, me dei conta que estou repetindo infinitamente que toda essa violência é mediada por ódio à cultura afrobrasileira, sem a oportunidade de tratar do problema com mais profundidade, dada a volta recorrente e intensificada dessas práticas de intervenção sobre meu corpo e sua capacidade de realização de projetos.
Essa repetição incessante, assim como condiciona-se a referência igualmente recorrente ao Partido dos Trabalhadores e ao feminismo, sem que uma saída efetiva tenha sido possível, dá-se mediante interesse estratégico dessas forças reacionárias em difundir o medo e o terror junto ao universo cultural das redes mais progressistas, sem vergonha em empregar o recurso à violência, calculada em seus pormenores, para fomento a uma conjuntura culturalmente empobrecida ou sufocada, mediada por relações de baixa qualidade.
Ainda ontem, escrevi um texto sobre a privação de frutas e a contaminação da água a que estou exposta, por ação agenciada pelo governo do Estado de São Paulo, primeiro na gestão do PSDB, agora do Republicanos. Hoje, fui exposta a uma química qual eu tenho a impressão que foi calculada para acelerar a degradação da minha gengiva, de modo que eu venha a perder meus dentes. Já esteve inflamada e, agora, novamente. Estou cheia de toda essa violência. Basta, basta, basta
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