A necessidade inelidível de se afirmar como macho, o seu CPF ao caçar borboletas
- radarfeministablog
- 25 de abr. de 2021
- 2 min de leitura

São muitas as manifestações de violência que temos visto na atualidade. Uma mola propulsora dessas práticas tem sido os atos performativos do atual presidente e de seus subservientes.
Depois daqueles cinco gestos de seus asseclas que fazem alusão ao nazismo, a placa quebrada de Marielle, e as falas que saíram da boca do próprio presidente, como: "minha especialidade é matar", minha filha foi resultado de uma "fraquejada", e "só não te estupro por que você não merece", e ainda, "quilombola não serve nem para procriar", "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", a última, foi construída depois de piadas homofóbicas, uma pose sorrindo, entre homens, com a placa "CPF cancelado".
Como tem circulado, a gíria "CPF cancelado" é utilizada por policiais e grupos de extermínio, referindo-se à morte do oponente por outra facção.
Voltei à Hannah Arendt em "Sobre a violência", buscando elementos para entender melhor essa aberração que é sentir prazer, demonstrando violência. Logo no começo do capítulo 2 encontrei uma passagem muito significativa, quando ela cita Sartre e Bertrand de Jouvenel: "um homem sente-se mais homem quando se impõe e faz dos outros um instrumento de sua vontade", o que lhe dá um prazer "incomparável".
É claro que essa não é a única inclinação dos "homens". A autora avança e cita com John Stuart Mill uma outra inclinação, além dessa de se sobrepor aos outros: aquela de não se submeter.
Daí a gente extrai que há um tipo de "masculinidade", esse dote concebido pela extrema-direita como "natural", que precisa de elementos exteriores para se autoafirmar, da onde nutre um imenso prazer.
Essa autoafirmação, como tem sido demonstrada, é pusilânime, mira seus canhões para caçar borboletas, ainda que isso seja impróprio e desagregador.
Termino com uma citação de Hannah Arendt: "substituir o poder pela violência pode trazer a vitória, mas o preço é muito alto; pois ele não apenas é pago pelo vencido mas também pelo vencedor, em termos de seu próprio poder".
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