Conceito de branquismo ou crimes por branquismo, algumas notas rápidas

Ferramenta prático-teórica para os novos tempos, o conceito de branquismo surgiu de quase quatorze anos de trabalho, entre as Ciências Sociais, contato com a memória e programa do Partido dos Trabalhadores e a experiência de exposição à múltiplas violências no Estado de São Paulo, intensificadas desde a mudança de conjuntura do período do Golpe ou Impeachment de 2016, como alguns entendem

Imagem em muro branco, representativa do ano de 2014, quando, exposta à violência física muito intensa, depois de visitas à biblioteca, e impedida de seguir com trabalho acadêmico, entrei em contato com ex-governador de São Paulo, em comunicação pública no Facebook, por defesa de todas as cores nos espaços de comunicação, ciência e cultura.

O conceito de branquismo, reflexão e ferramenta prático-teórica que veio à vida em muitos anos de convivência e esquivas com situações de violência, mas também de anos de estudos e pesquisas na área das Ciências Sociais e diálogo com movimentos sociais, surgiu, nessa primeira metade do século XXI, como oposição crítica ao reducionismo massificante do conceito de racismo ou discriminação racial, com base ponderada nas seguintes críticas:

• tais conceitos, o de racismo e discriminação racial, são empobrecedores, em medida significativa, quanto à compreensão da dimensão cultural envolvida no problema;

• a concepção do racismo ou da discriminação racial é reducionista à preceitos biologizantes ou naturalizadores, quando há uma dimensão mobilizada por interesse e função política, neste caso, entendida em conceito diferente daquele definido por Hannah Arendt que, em linhas gerais, o entende como oposto à violência;

• essa redução contida no recurso de abordar esse problema complexo, a partir do recurso a esses preceitos naturalizadores, recorre e reitera concepções extremamente vulgares e problemáticas à democracia, concepções presas à literatura eugenista do pensamento social brasileiro da primeira metade do século XX;

Com intenção de abarcar a dimensão cultural e política envolvida nesse problema complexo que hoje nomeamos, quase que por conveniência, de racismo, a proposta do conceito de crimes por branquismo, também abarca uma outra dimensão, proposta diferente, em alguma medida, do conceito de branquitude, por operacionalizar ideia de movimento, em denuncia a tendência em nosso quadro social, atual conjuntura, ao menos no Estado de São Paulo, em direção à violência, qual nos incita à responsabilidade e envolvimento público.

No momento, ainda não há possibilidade de um trabalho mais preciso e bem elaborado na definição dessa ferramenta prático-teórica, assim como há entendimento de que tais críticas não são definitivas e completas. Os problemas da conjuntura também nos obrigam a pensar, por exemplo, a ideia de segregação digital, ou, no espaço digital, talvez, como extensão aos investimentos em segregação urbana.