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Nova preocupação dos caretas da Alesp: o amor LGBTQIA+

  • radarfeministablog
  • 20 de abr. de 2021
  • 2 min de leitura

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Hoje (20 de abril de 2021), a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo vota o projeto de lei 504/2020, que tem como ementa proibir a publicidade, " através de qualquer veículo de comunicação e mídia de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças no Estado".


A construção da ementa é ela mesmo obscena. Subentende-se que se preocupam com as demonstrações públicas de afeto que desloquem os sentidos da heteronormatividade compulsória.


Essa preocupação é dirigida às crianças, consideradas aí como tábulas rasas. Sem mecanismos de filtro, as crianças são uma folha em branco a serem preenchidas com informações única e exclusivamente da sociedade "moralmente superior", a que reproduzem uma suposta natureza do ser.


Segundo a autora da proposta, Marta Costa (do Partido Social Democrático), conforme matéria veiculada no UOL, "essas propagandas trariam 'desconforto emocional a inúmeras famílias' e que mostram 'práticas danosas' às crianças. Para ela, a proibição vai 'evitar a inadequada influência na formação de jovens e crianças."


É extremamente estranho perceber que "as práticas danosas", as quais se preocupa, não é a violência de gênero a que estão propensas a receber mais tarde, as crianças que não se encaixem no esquadrinhamento tradicional da dicotomia homem-mulher. Ou ainda a fome, a falta de acesso à escola, a violência doméstica...


O projeto viola tratados internacionais assinados pelo país, em consideração aos direitos LGBTQIA+, além da livre manifestação da informação, e quer conformar nossos corpos à reprodução de papéis tradicionais de gênero.


Na esteira do que se convencionou chamar de "ideologia de gênero" para atacar os estudos e ativismos que apontam as disparidades concernentes a esses papéis que a moral conservadora quer reproduzir ad infinitum, é uma medida que ataca também a luta por igualdade de gênero.


O "problema" que hoje se colocará em pauta não se restringe, assim, aos LGBTQIA+. É hora de perceber e praticar a interseccionalidade, pois a reprodução tradicional dos papéis de gênero também implica a perpetuação da desigualdade salarial entre homens e mulheres, da violência doméstica, da sobrecarga de responsabilidades domésticas sobre as mulheres. Enfim, é uma causa de todes.



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